A tragédia de Brumadinho (MG) ofuscou o noticiário envolvendo o senador eleito Flávio Bolsonaro, mas o caso Queiroz tem data marcada para voltar aos holofotes: na próxima sexta-feira, dia 1º, no retorno do recesso do Judiciário, o ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello deverá devolver para o Ministério Público do Rio de Janeiro a investigação sobre o ex-assessor de Flávio.
O inquérito voltará ao ponto em que parou no dia 17, quando o ministro Luiz Fux suspendeu as apurações a pedido da defesa do senador eleito. Até agora, o único ouvido pelo MP foi o policial militar Agostinho Moraes da Silva, que trabalhou no gabinete de Flávio e repassou recursos para Queiroz, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Queiroz faltou a dois depoimentos no MP no mês de dezembro, alegando problemas de saúde. Embora tenha feito, de fato, uma cirurgia para a retirada de um tumor no hospital Albert Einstein, em São Paulo, o ex-assessor de Flávio não deixou de dar entrevistas para a imprensa no período.
A primeira foi uma tragédia do ponto de vista da comunicação (e seu próprio entorno sabe disso). Ao SBT, com pinta de malandro carioca, Queiroz falou pérolas como “Sou um cara de negócios, faço dinheiro”. Para a última edição da revista IstoÉ , disse, via WhatsApp: “Vou esclarecer tudo quando minha saúde permitir. Não tenho nada a ver com os milicianos do Rio e posso provar que não recebi R$ 7 milhões em três anos”.
Ele se referia a duas situações novas reveladas nos últimos dias: O Globo revelou que Queiroz movimentou R$ 7 milhões nos últimos três anos; além disso, foi trazida à tona que Flávio nomeou em seu gabinete a mãe e a mulher do ex-capitão da PM do Rio, Adriano Magalhães da Nóbrega, acusado de chefiar um grupo de extermínio no estado. Segundo o próprio senador, foi o ex-assessor que fez as indicações.
Como não poderá mais fugir do depoimento do MP em fevereiro, a ideia da defesa de Queiroz é apresentar uma peça por escrito detalhando as justificativas de seu cliente. Provavelmente a mulher e as filhas de Queiroz adotarão a mesma estratégia. Para o MP, não há problemas em ouvi-los desta forma. O próprio procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, já deixou claro em coletiva que não precisa do depoimento de um investigado para oferecer uma denúncia — o que importa é o “conjunto probatório”.
Desta forma, Queiroz evitaria o incômodo de ser fotografado entrando para depor no MP. Evitaria o constrangimento de se enrolar ao responder perguntas (mais ou menos o que ocorreu no SBT). E focaria no principal — explicar o motivo de sua conta bancária receber repasses de pessoas que trabalhavam no gabinete de Flávio.
A história da venda e revenda de carros, aliás, não será usada por Queiroz nas explicações para o MP. Não colou. Aguardemos.
Em nota, a defesa técnica de Fabrício Queiroz esclarece “que nunca se furtou a prestar quaisquer esclarecimentos”. Diz ainda que “sua oitiva ainda não ocorreu em razão do seu estado de saúde, mas tão logo ele seja autorizado pelos médicos isso será feito”. Conclui dizendo que “as especulações acerca do seu depoimento só relevam a tentativa de criar escândalos inexistentes diante da falta de qualquer fato criminoso que possam lhe imputar” e que “ele aproveita a oportunidade para reiterar que nunca praticou qualquer conduta criminosa”.
Fonte: Época
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