O presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou na noite de quinta-feira pelas redes sociais que o professor colombiano Ricardo Vélez Rodríguez será o futuro ministro da Educação.
“Gostaria de comunicar a todos a indicação de Ricardo Vélez Rodríguez, filósofo autor de mais de 30 obras, atualmente Professor Emérito da Escola de Comando e estado Maior do Exército, para o cargo de Ministro da Educação”, escreve Bolsonaro no Twitter.
O nome do professor tem apoio da bancada evangélica, que na véspera vetou o educador Mozart Neves, presidente do Instituto Ayrton Senna, para o cargo.
À tarde, Bolsonaro se reuniu por três horas na Granja do Torto, em Brasília, com o procurador regional do Distrito Federal, Guilherme Schelb, que também era cotado para o cargo. Ao deixar o local, Schelb também admitiu ter apoio “muito significativo” da bancada evangélica e reafirmou ser a favor do movimento Escola Sem Partido. Depois que saiu o anúncio de Vélez Rodríguez, Schelb parabenizou o presidente pela indicação.
O professor é um desconhecido na comunidade educacional. Ele mantém um blog , em que faz referência a Dom Quixote, que minutos depois do twitter de Bolsonaro já mencionava que havia aceito o cargo. No seu texto ele diz que será o ministro da educação para “tornar realidade, no terreno do MEC, a proposta de governo externada pelo candidato Jair Bolsonaro, de “Mais Brasil e Menos Brasília”. Diz ainda que Bolsonaro venceu porque representou a insatisfação de todos os brasileiros contra governos petistas. No blog, Velez também deixa claro que foi indicado ao presidente eleito por Olavo de Carvalho.
Ele também critica outros nomes que foram pensados para o MEC, como a da presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Maria Inês Fini. Para o futuro ministro, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), prova que ela é responsável atualmente, é um “instrumento de ideologização”.
Sobre educação, Vélez escreve de maneira complicada, mas deixa clara sua afinidade com projetos como Escola sem Partido. Diz em seu blog que os brasileiros estão “reféns de um sistema de ensino alheio às suas vidas e afinado com a tentativa de impor, à sociedade, uma doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista, travestida de “revolução cultural gramsciana“, com toda a coorte de invenções deletérias em matéria pedagógica como a educação de gênero. Para ele, essa educação atual estaria “destinada a desmontar os valores tradicionais da nossa sociedade, no que tange à preservação da vida, da família, da religião, da cidadania, em soma, do patriotismo.”
O professor também tem um livro em que critica o PT, de 2015, chamado “A Grande Mentira. Lula e o Patrimonialismo Petista”.
Bolsonaro terá que negociar com partidos, dizem líderes das frentes parlamentares
Líderes das bancadas evangélica, ruralista e da bala afirmam que Jair Bolsonaro (PSL) terá que recuar e negociar com os partidos para aprovar medidas importantes na largada de seu governo.
Fiel ao discurso de campanha de que iria acabar com o tradicional toma-lá-dá-cá, o presidente eleito tem até agora escolhido seus ministros em articulação com as frentes parlamentares conservadoras, excluindo negociações com partidos.
A intenção é construir maioria no Congresso tendo como base os integrantes dessas bancadas. Os próprios líderes dessas frentes, porém, disseram à Folha que essa estratégia é equivocada e terá que ser revista.
“Bolsonaro conhece o Parlamento mais do qualquer um de nós. Está aqui há quase 30 anos. Deve ter um plano B, que a gente não sabe ainda. Ele não arriscaria jogar o governo dele no lixo. Ele sabe que em toda a democracia do mundo se você não conversar com partido você não consegue votar”, diz o deputado Marco Feliciano (Podemos-SP), um dos líderes da ala evangélica da Câmara.
Em atendimento ao grupo ruralista, Bolsonaro indicou para o Ministério da Agricultura a deputada Tereza Cristina (DEM), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária. Logo em seguida, o presidente nacional do DEM, ACM Neto, fez questão de declarar que a indicação não era do partido, mas do novo governo.
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