Diante do recorde de refugiados no mundo, o presidente dos EUA, Donald Trump, lançou mão do medo nesta segunda (18) para defender sua política migratória de uma chuva de críticas à separação de famílias migrantes na fronteira americana.
“Os Estados Unidos não serão um acampamento de migrantes, nem uma instalação de abrigo de refugiados. Não sob o meu comando”, declarou o republicano.
Trump fez menção “ao que está acontecendo na Europa”, e disse que “não pode permitir que isso aconteça” nos EUA.
O republicano endureceu a política de imigração americana e tem restringido a entrada de estrangeiros no país, tanto na fronteira com o México quanto por meio de novas exigências para vistos e permanências.
Apesar disso, o número de apreensões e prisões na fronteira cresceu, movido sobretudo por imigrantes de países da América Central que fogem da crise de violência na Guatemala e em Honduras.
O número levou o governo Trump a aplicar uma política de tolerância zero à travessia, provocando a separação de centenas de famílias.
Agora, adultos que cruzam a fronteira com seus filhos são processados criminalmente por travessia ilegal e levados a presídios federais. As crianças, que por lei não podem permanecer nesses estabelecimentos, são enviadas a abrigos mantidos pelo governo.
Em seis semanas, quase 2.000 menores foram separados das famílias.
Imagens de abrigos lotados e de crianças chorando ao serem separadas dos pais começaram a surgir.
“Mami! Papá!”, pedem algumas delas, aos prantos, em um áudio revelado pelo site ProPublica nesta segunda.
Diante do choro simultâneo de diversas crianças, um agente da patrulha da fronteira comenta: “Temos uma orquestra aqui. Só falta o maestro”.
A prática atrai críticas da ONU, de aliados de Trump, da ex-primeira-dama republicana Laura Bush (em artigo no Washington Post) e da atual —sua mulher, a discreta Melania, que disse detestar ver crianças separadas da família e esperar que o país promova uma reforma que permita “cumprir a lei, mas também governar com o coração”.
“É um abuso inconcebível”, disse o diretor do conselho de direitos humanos da ONU, Zeid Ra’ad al-Hussein.
Trump voltou a lamentar nesta segunda a separação das crianças de seus pais, mas atribuiu a responsabilidade à oposição democrata, que criou leis facilitando a permanência de filhos de indocumentados, o que serviria de estímulo aos pais para trazê-los.
Trump pleiteia alterações na lei migratória que incluam verba para ampliar um muro na fronteira com o México e tem usado a crise para pressionar o Congresso.
Nesta terça (19), ele deve tratar do tema com legisladores, muitos dos quais críticos às mais recentes medidas.
“É traumático para as crianças, vítimas inocentes”, disse a senadora Susan Collins, correligionária de Trump, que pediu explicações ao Executivo.
Fonte: Folha
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